quarta-feira, 10 de outubro de 2012

II Seminário Criança na Mídia – FEEVALE



A relação consumo e cultura infantil estiveram em pauta, numa discussão que envolveu professores da rede pública municipal, alunos de graduação e mestrado e professores universitários, através de reflexões que envolveram Mercado, psicologia da educação e família.

Carla Rabelo, do Insituto Alana, trouxe apontamentos bastante pertinentes, como o fato de a criança não ser capaz de assumir decisões de compra, portanto não devem ser a ela destinadas estratégias de mercado. A criança não deve ser objeto de produtivização. Destacou ainda que 80% das decisões de compra dentro de casa vêm das crianças.
Ela lembrou que os pais conversam com as crianças vez ou outra, já a propaganda conversa permanentemente. Por isso, a força que a mídia exerce no consumo infantil. Ela projetou o documentário “Criança: a alma do negócio”, de Estela Renner. Por aí, foram possíveis outros diálogos, que convergiram para diversas constatações. Uma delas afirma ser necessário diferenciar posse de inscrição da sociedade. Cada vez que a criança ganha algo, pede outra. Isso porque simbolicamente não é disso que precisam.
Também foi lembrado que os pais seriam os que negam o desejo impregnado pela mídia, e acabam ficando como vilões. E essa é uma posição difícil de aceitar. Daí decorrem as desistências do não. O vídeo ainda mostra uma menina que não sabe o nome dos legumes, mas conhece o nome dos salgadinhos, o que ilustra a força simbólica da mídia no cotidiano. É o cuidado com a infância sendo negligenciado. Como o documentário propõe, o fim da infância é o fim do nosso futuro.
Palestrantes

Já a publicitária e professora da Ufrgs, Elisa Piedras, propôs-se a contrapor, em partes, a demonização da mídia no reflexo do consumo da criança, abrangendo o diálogo e a responsabilidade acerca desse fenômeno. Questionou de que forma a produção midiática faz sentido no dia-a-dia das pessoas e destacou que o consumo é um processo social e subjetivo.
“A publicidade é usada para quê? Só para consumir, ou para sonhar e ter experiências estéticas?”, questionou. Nesse contexto, asseverou que não se pode cobrar postura cidadã de um adolescente de 18 anos se isso nunca foi construído com ele, através da família. Sendo assim, chamou a atenção para um questionamento: “os pais mostram outro mundo para a criança. Levam-na numa feira e lhe mostram o que é uma manga, por exemplo?”.
Os pais, segundo ela, fomentam a chamada mercantilização do ócio: não se leva a criança para o parque, mas para o shopping. Diversão tornou-se algo ligado ao mercado. Ou seja, há uma dicotomia estabelecida aí: pais X mídia. Como ela pode coexistir de maneira a tornar saudável, física e psicologicamente, a vida da criança.



Por Leandro Coimbra


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