A relação consumo e cultura
infantil estiveram em pauta, numa discussão que envolveu professores da rede
pública municipal, alunos de graduação e mestrado e professores universitários,
através de reflexões que envolveram Mercado, psicologia da educação e família.
Carla Rabelo, do Insituto Alana,
trouxe apontamentos bastante pertinentes, como o fato de a criança não ser capaz
de assumir decisões de compra, portanto não devem ser a ela destinadas
estratégias de mercado. A criança não deve ser objeto de produtivização. Destacou
ainda que 80% das decisões de compra dentro de casa vêm das crianças.
Ela lembrou que os pais conversam
com as crianças vez ou outra, já a propaganda conversa permanentemente. Por isso,
a força que a mídia exerce no consumo infantil. Ela projetou o documentário “Criança:
a alma do negócio”, de Estela Renner. Por aí, foram possíveis outros diálogos,
que convergiram para diversas constatações. Uma delas afirma ser necessário diferenciar
posse de inscrição da sociedade. Cada vez que a criança ganha algo, pede outra.
Isso porque simbolicamente não é disso que precisam.
Também foi lembrado que os pais
seriam os que negam o desejo impregnado pela mídia, e acabam ficando como vilões.
E essa é uma posição difícil de aceitar. Daí decorrem as desistências do não. O
vídeo ainda mostra uma menina que não sabe o nome dos legumes, mas conhece o
nome dos salgadinhos, o que ilustra a força simbólica da mídia no cotidiano. É o
cuidado com a infância sendo negligenciado. Como o documentário propõe, o fim
da infância é o fim do nosso futuro.
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Palestrantes |
Já a publicitária e professora da
Ufrgs, Elisa Piedras, propôs-se a contrapor, em partes, a demonização da mídia
no reflexo do consumo da criança, abrangendo o diálogo e a responsabilidade
acerca desse fenômeno. Questionou de que forma a produção midiática faz sentido
no dia-a-dia das pessoas e destacou que o consumo é um processo social e
subjetivo.
“A publicidade é usada para quê? Só
para consumir, ou para sonhar e ter experiências estéticas?”, questionou. Nesse
contexto, asseverou que não se pode cobrar postura cidadã de um adolescente de
18 anos se isso nunca foi construído com ele, através da família. Sendo assim, chamou
a atenção para um questionamento: “os pais mostram outro mundo para a criança. Levam-na
numa feira e lhe mostram o que é uma manga, por exemplo?”.
Os pais, segundo ela, fomentam a
chamada mercantilização do ócio: não
se leva a criança para o parque, mas para o shopping. Diversão tornou-se algo
ligado ao mercado. Ou seja, há uma dicotomia estabelecida aí: pais X mídia. Como
ela pode coexistir de maneira a tornar saudável, física e psicologicamente, a
vida da criança.
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